Era uma vez uma escola que não se parecia com uma gaiola, nem com uma prisão. Nela havia gramados e não cimento. Havia flores, e não muros. Havia espaço aberto e não salas trancadas. Havia alegria e não tristeza. Havia liberdade e não receio.
Ora, aconteceu que um dia uma certa autoridade, acostumada a inspecionar escolas, foi visitar aquela. Era uma linda manhã de primavera. As crianças trabalhavam e grupos, espalhadas pela grama. Discutiam em voz alta os temas de estudo, acompanhadas pelas professoras. Corriam de um grupo para outro para obter informações e contar o que tinham aprendido. Liam, deitadas em esteiras, à sombra das árvores. Encenavam cenas que haviam lido, entre risos e apartes. Pareciam um bando de periquitos contentes da vida.
A autoridade não estava acostumada com aquele ambiente. Naquele mesmo dia ela havia visitado outra escola, onde a cor predominante era o cinzento, onde as salas tinham grades, onde as pobres crianças se sentavam em fila, silenciosas, em cadeiras fixas no chão, e onde o riso era considerado indisciplina, e olhar para o lado era insubordinação.
Surpresa, a autoridade balbuciou à professora da escola que a acompanhava: “Mas… eles não estão muito soltos?”. Também um pouco surpresa com a pergunta, mas sorrindo, a professora respondeu: “Eles não fizeram nada para estarem presos…”.
Uma importante filósofa deste século, Jutta Burgraf, comenta sobre esse ambiente de alegria:
“Em um ambiente em que sabemos que os outros nos tratam com sincera confiança, e que acreditam que algo bom e belo existe em nós, nasce uma profunda alegria no coração. Quando alguém nos olha com carinho, nos vemos estimulados a empreender grandes coisas, porque queremos corresponder a esse olhar.
Há pessoas que geram ao redor de si um âmbito de confiança e alegria. É como se dessem asas aos demais. Criam grandes espaços vitais, onde os outros podem crescer com alegria, e com iniciativas próprias. O mundo parece maior e mais largo, a vida parece mais bela: assim se levam os homens (e também as crianças) ao pleno desenvolvimento de sua liberdade pessoal”.
Fonte: Evandro Faustino , Colégio Caminhos e Colinas.