Riobaldo: o saber está no caminhar para a sabença

Alunos do caminhos estudando em sala de aula

Guimarães Rosa, através de seu personagem Riobaldo, ensina que “O real não está na saída nem na chegada. Ele se dispõe para a gente no meio da travessia”.

Vamos, inspirados em Rubem Alves, aplicar esse aforismo para a educação: Na formação humana, nós só aprendemos algo enquanto “estamos indo”, isto é, enquanto estamos no trâmite de fazer algo, de pesquisar determinado assunto, de pesar hipóteses e encontrar caminhos. Observemos um menino pequeno que aprende a amarrar o cordão de seu tênis, ou que ensaia as primeiras pedaladas em sua bicicleta. Observemos a menina que estreia os primeiros patins que ganhou. Eles aprendem no ato de tentar, experimentar, fazer suposições.

Aprende não é “saber” algo pronto e acabado, mas caminhar para essa sabença. O bom educador não apresenta o resultado, mas indica o caminho, porque é no percurso desse caminho que o educando irá encontrar, firmar e confirmar seu conhecimento.

Há instituições que se afirmam escolas, e que praticam o ensino de forma diversa. Seu objetivo não é que o aluno pense, entenda e aprenda, mas que simplesmente saiba. Daí, “ensinam” apenas mostrando o fim: “Anote aí: ácido mais base resulta em sal mais água”. “Anote aí: ângulos alternos internos são iguais”. “Anote aí: “A Idade Média foi a idade das trevas”.

O aluno anota, repete na prova, e esquece. Ou – pior ainda – incorpora um conceito que lhe foi impingido e que não sabe demonstrar. Não aprendeu, só decorou. Não aprendeu porque o professor só lhe adestrou mostrando o fim, sem indicar o caminho que a inteligência percorre para afirmar ou negar esse fim.

Talvez nem mesmo o professor saiba que esse caminho existe e deve ser percorrido, pois talvez ele mesmo não o tenha percorrido, e apenas repete como papagaio aquilo que decorou. Ou talvez “opine” que, chegando ao fim, os meios não interessam: “O que importa é comer o bolo, e não saber a receita”… E assim, enquanto alguns se preocupam em formar pessoas críticas e autônomas, outros vão “formando”, em série, robôs programados para fazer e não pensar, homúnculos sem personalidade nem vontade, prontos para serem arrastados pela mídia e pela moda…

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *