Escolas são asas e não gaiolas

Há muita gente boa tratando da educação, no Brasil. Há muita gente que pensa, que estuda, que analisa e que opina através de artigos, palestras, sites, blogs, livros, entrevistas.  Centenas, milhares de pensadores, cujas considerações abrangem toda a gama de qualidades e defeitos do sistema educacional brasileiro.  Essas pessoas abnegadas precisam ser ouvidas. Vamos ponderar o que falam, e vamos, em cada uma das nossas circunstâncias, por em prática o que devemos aproveitar do que eles nos ensinam.  Vamos permitir, sem preconceitos nem antipatias, que essas escolas – apoiadas pelos pais – que desejam formar seus alunos nas virtudes, possam fazer isso abertamente.

Uma das mais frustrantes realidades de nosso sistema educacional – e para isso tomamos por testemunhas qualquer professor ou aluno de qualquer faculdade de pedagogia brasileira – é o abismo que parece existir entre belas teorias de ensino veiculadas em estabelecimentos de ensino superior, e a prática fuliginosa, preconceituosa, burocrática, limitada que ainda amordaça e algema o ensino em muitas escolas.  O educador José Pacheco afirma que as palavras refletem as ações, e que nosso léxico escolar está prenhe de vocábulos que formam um campo semântico semelhante ao de um presídio: “grade curricular”, “peso”, “carga horária”, etc.  E o mestre Rubem Alves, comparando sistemas de ensino e formas de educar, ensinava:

Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.

Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.

Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.

Fonte: Professor Evandro Faustino, Colégio Caminhos e Colinas.

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