Um dos melhores legados que podemos deixar para nossos filhos e alunos é ter dado a eles uma educação sólida, e estou animado em pensar que, se conseguirmos plantar neles valores, raízes e convicções firmes, eles serão capazes de melhorar o mundo e alcançar isso a diferença entre o que temos e o que gostaríamos de ter é menor.
Neste ponto, gostaria de abordar as seguintes questões: O que entendemos por criança bem educada? Vale a pena? As boas maneiras não são um pouco antiquadas, “antiquadas”, como diriam os ingleses? Qual é um bom momento para começar a trabalhar neles? Que benefícios podemos obter?
O que entendemos por educação?
Como Sheryl Eberly comenta em seu livro ‘ 365 crianças de boas maneiras devem saber’, quando falamos sobre boas maneiras ou uma criança bem comportada, não estamos falando de algo pretensioso ou esnobe. Não, longe disso… estamos falando o tempo todo em mostrar respeito aos outros. O mesmo mencionado por George Washington no documento “110 Regras de civilidade e comportamento decente na empresa e conversação”, afirmando que “toda ação realizada na companhia de alguém visa ser feita com algum tipo de sinal de respeito para com os presentes” Ou, citando outro guru da gravadora, Emily Post , que argumentou que “as maneiras são uma consciência sensível dos sentimentos dos outros, se você tem essa consciência, você tem boas maneiras, não importa o garfo que use.”
Acho conveniente levar em conta algumas das falas anteriormente expostas, pois também nos ajudam a não confundir a boa educação com uma série de regras, limites que me são impostos e que não me permitem ser natural ou espontâneo… Gostamos ou não. Eles existem e não podemos e não devemos ignorá-los, sem esquecer que ter ou não em consideração tem um impacto.
Devemos fazer com que nossos filhos ou alunos desenvolvam sua inteligência emocional para que se tornem sensíveis, pensando nos sentimentos da pessoa que está diante deles. Hoje, mais do que nunca, precisamos nos conectar, ter empatia e nos comunicar com autenticidade.
O começo
Qualquer hora é uma boa hora para começar a trabalhar as boas maneiras. Porém, ninguém hoje duvida da importância da fase da infância como crucial para alcançar, no futuro, filhos fortes, resilientes, autoconfiantes, capazes de perceber as necessidades dos outros e de administrar corretamente suas emoções.
As crianças também precisam de nós que as ensinamos desde cedo como devem se comportar – com boas maneiras – ao cumprimentar, por exemplo, conhecidos ou apresentá-los a alguém. Por volta dos 18 meses a criança já consegue perceber que seu comportamento afeta outras pessoas, então será um bom momento para começar com pequenos gestos ou introduzir “palavras mágicas” como “por favor”, “obrigado” ou “desculpe”.
Uma criança que é capaz de se colocar no lugar do outro terá mais facilidade em adquirir e consolidar os bons modos na fase da adolescência e da idade adulta. É uma consequência lógica que deriva do próprio respeito pelo outro. Todos os dias temos muitas oportunidades de colocá-lo em prática, é apenas uma questão de estarmos atentos e aproveitar cada ocasião. Quanto a se vale a pena, claro que vale! Cada vez mais… Como pais, devemos tentar fazer com que nossos filhos, aos poucos, percebam que não são o centro do universo. Vamos ajudá-los a sair dessa fase egocêntrica de pequenos para que sejam sensíveis aos outros, aos colegas, aos avós, aos professores…
Equipe-os para o futuro
Se conseguirmos isso, os benefícios serão múltiplos, pois a aquisição de bons modos leva de forma muito direta a adquirir outra série de qualidades importantes que serão de grande valor para o seu futuro profissional. Às vezes, nos concentramos em habilidades e aptidões visando milhares de atividades extracurriculares e esquecemos as atitudes. Bom autocontrole, bom convívio social ou saber que normas e limites são necessários em muitos aspectos, ajuda a criança a crescer com segurança e com correta autoestima.
A melhor maneira de lidar com a timidez ou insegurança de nossos filhos em diferentes situações será equipá-los com essas pequenas habilidades que, em última análise, os capacita a enfrentar diferentes cenários que às vezes os deixam desconfortáveis ou gostam menos deles, mas que, queiram ou não, eles terão que viver.
Vamos transmitir aos nossos filhos com criatividade e engenhosidade quais atitudes são educadas e quais não são. Você tem que saber o que esperamos deles , está em nosso poder reforçá-los positivamente quando o alcançaram ou fizeram um esforço para alcançar pequenos avanços…
Neste ponto, gostaria de destacar a grande responsabilidade que temos como educadores. Nossos filhos e alunos estão nos observando a todo momento… mesmo quando não temos consciência disso. Eles continuamente aprendem conosco e seguirão nosso exemplo muito mais do que nossos conselhos.
Para finalizar, ressalta como os bons modos ainda são atuais, aliás, são mais necessários do que nunca… Espero que nosso filhos sejam referências em uma sociedade tão mutante e com tantos desafios quanto a nossa.
Afinal, é um investimento para toda a vida que exige perseverança e muita paciência… mas definitivamente vale a pena.
Texto de Carolina Camós, professora e coordenadora de Educação Infantil.